Entre 2011 e 2013, o teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser convidou um grupo de habitantes da freguesia da Sé, no Porto, a participar em vários encontros, durante os quais se discutiu a sua relação com o teatro. Como é que estas pessoas olham os teatros, as companhias teatrais e a programação cultural da sua cidade? Sentem-se próximas ou completamente alheadas? E o contrário também – como olham as instituições e os agentes teatrais esse público? Como respondem ao desafio da democracia cultural? Fará sentido falar em formação de públicos? Em acessibilidade das obras?
Esta edição contemplou um programa extenso de encontros, que incluiu a visita a diferentes espaços culturais do Porto, o visionamento de vários espectáculos e ainda uma participação no Ciclo de Teatro do Porto, no São Luiz Teatro Municipal. Numa fase final, o grupo de participantes acompanhou também o processo de criação do espectáculo Casas Pardas, com encenação de Nuno Carinhas.
Estes encontros foram acompanhados por uma equipa de sociólogos do Departamento de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto – João Teixeira Lopes e Sara Joana Dias –, que produziram um relatório final sobre a primeira parte desta edição. Deste trabalho resultou também um documentário que segue o percurso desta edição, em paralelo com o processo de criação de Casas Pardas.
Concepção – Alfredo Martins, Sílvia Silva
Direcção de projecto – Alfredo Martins
Equipa de sociólogos – João Teixeira Lopes, Sara Joana Dias
Participantes – Habitantes da freguesia da Sé (Porto)
teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser, Teatro Nacional São João, São Luiz Teatro Municipal
Junta de Freguesia da Sé, Associação de Solidariedade da Zona das Fontainhas
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“Enunciado como um dos elementos fundamentais para o desenvolvimento da cultura, o estudo de públicos na prática continua a ser negligenciado e posto em segundo plano em termos de estratégias organizadas pelas entidades culturais. Contrariando um pouco esta lógica, o teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser elabora de raiz um projeto para o estudo do «público do Porto», estruturando-o em vários momentos de encontro entre o «público» e o «teatro». A análise e mediação destes encontros apresentam resultados importantes para a compreensão da realidade social experienciada e preconceitos que afastam o público da oferta artística. A aproximação das artes às associações locais, o envolvimento com a sociedade, neste caso complementado com o entrecruzamento intergeracional, contribuem para a integração social da comunidade, a partilha de experiências e histórias de vida, o combate à solidão e processos de exclusão social, e em última análise a desconstrução de preconceitos e formação de «novos públicos».
Os sociólogos com experiência em investigação-ação no domínio da formação de públicos exerceram uma tripla função: animadores, mediadores e avaliadores do Público Vai ao Teatro, apostando preferencialmente em abordagens etnográficas de grande envolvimento com os participantes.”
João Teixeira Lopes e Sara Joana Dias
Documentário-inquérito sobre os públicos e os discursos artísticos, este filme segue os passos de um grupo de habitantes da freguesia da Sé (Porto) que, durante três meses, acompanhou a montagem do espectáculo Casas Pardas, com encenação de Nuno Carinhas, no seu vizinho Teatro Nacional São João.
“O que se mostra não é um trabalho com a comunidade, mas a própria comunidade composta de actores, técnicos, artistas, domésticas, reformados, alunos, empregados, desempregados, costureiras, cozinheiras, encenadores. E todos, mas todos, a perguntarem se o teatro se faz assim, com tantas dúvidas e ainda menos certezas. E o que o distingue da vida de todos os dias, afinal?
Durante cinco meses houve quem os seguisse porque também queria perguntar, mais do que mostrar, porque não queria guiar mas andar ao lado, porque queria saber o que vê o público que vai ao teatro e o que vêem os que, estando no teatro, olham para o público.
E, no fim, porque nem teatro nem documentário, porque nem público nem artistas, nem instituição nem casa, um objecto que guarda dias interrompidos pelo quotidiano ficcionado de um espectáculo, o de vidas como as de Alice, Laurinda e Belmira, que só querem «passar passando, passo leve e ar já quente, tudo tão de recorte contra azul, o peito aliviado, a vista ardente a ver o exactíssimo contorno de tudo».”
Tiago Bartolomeu Costa
Um filme de – Alfredo Martins, Beatriz Tomaz, Tiago Bartolomeu Costa
Montagem e fotografia – Beatriz Tomaz
Operação de câmara e som (1ª fase) – Ricardo Freitas e João Rodrigues
Operação de câmara e som (2ª fase) – Beatriz Tomaz
teatro meia volta e depois à esquerda quando eu disser, Teatro Nacional São João
Direcção Regional de Cultura do Norte